sexta-feira, 27 de agosto de 2010

ATÉ QUE A MORTE NOS SEPARE



A sociedade atual assiste a filmes demais. Antes lesse mais. O ritmo de um livro é, geralmente, mais coerente, diria até mais sábio. Nos filmes, as histórias se passam em duas horas, e há quem pense que a vida deva imitar a arte.
As pessoas vivem superficialmente os momentos. Dizem “bom dia” sem pensar no sentid
o das palavras, sem sinceridade. Abraçam por abraçar, beijam pra contar, amam sem amar.

Afastam-se sem dores permanentes, sem adquirir sabedoria com a experiência mal vivida. Tudo isso acontece em um dia. E no dia seguinte fazem o mesmo, tornando a vida uma rotina desinteressante. Transformam um ciclo misterioso, profundo e maravilhoso em uma brincadeira, sem sentido
, de repetição de ciclos. Visam à quantidade desprezando a qualidade. Pobres seres mortais!
O ritmo do mundo é uma projeção geométrica, que deveria começar a desacelerar. As pessoas têm pressa de se conhecer, pressa de dividir momentos, acabando por esgotar os recursos e novidades, até que os dias presentes tornam-se ecos tediosos daqueles que já passaram. Sem ter realmente aproveitado ao máximo a relação interpessoal, segue sua vida sozinho, dizendo ao outro para fazer o mesmo. Porque o “amor” acabou. Esse roteiro básico é usado em diferentes tramas, nas amizades e nas paixões.
E depois de tudo se perguntam: “O que está faltando na minha existência vazia?”, ou: “Por que ainda me sinto infeliz?” Vou dar um conselho, mesmo sabendo que não será absorvido: desacelere.
Com um pouco de atenção percebe-se fácil e rapidamente se haverá afinidade entre os indivíduos em questão, se haverá consonância de ideais, harmonia entre as essências. E então, que se desc
ubra os detalhes a cada dia, aos poucos. Que o detalhe seja saboreado até o final, antes de uma nova descoberta chegar, somando-se às já existentes. Que as peças se encaixem formando o quebra-cabeça humano. Que cada faceta seja analisada a fim de estruturar o todo, sem nunca deixar de apreciar os diferentes ângulos, as diferentes perspectivas.
Que haja as diferenças. Que elas sejam respeitadas. Que haja
as brigas, mas que o amor, o verdadeiro amor construído tijolo por tijolo, sobreviva às tempestades, tornando-se mais forte.
Quer saber? Esqueça! Volte aos filmes. Idealize amores, paixões e amizades, irrealizáveis. Tente imitá-los. E fracasse. Fique frustrado com a vida, com o mundo, com as pessoas. Diga que o amor não existe. E quando perceber o real significado do amor, o quão fácil é amar, beije a face interna da tampa de seu caixão.







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